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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro
E.E.F.Profª Joana Marques Bezerra
Textos selecionados pela comissão escolar e enviados à comissão municipal

O lugar onde vivo


Susi Damares

Ainda muito pequenina
Inocente e sem saber
Tinha jeito de menina
Que ia se desenvolver.

Minha mãe me levava
As dunas, ao amanhecer.
Juntinhas observávamos
O belo Sol a nascer.

Fui crescendo com encanto
E a simplicidade do lugar,
Vendo o vento assobiando
E as lindas ondas do mar.

Passarinhos, passarinhos
No belo entardecer:
Sabiá, gaivota e bem-te-vi
Nossa alegria de viver.

O verde dos coqueirais
Cobrindo as pedras nuas,
São belezas naturais
Das nossas praias e ruas.

E assim é o meu lugar,
Adoro morar aqui.
Lugar de gente guerreira
Nossa linda Icapuí!!!

Susi Damares Pereira Costa,11 anos
Aluna do 6º ano da E.E.F.Profª Joana Marques Bezerra
Icapuí-Ce.



      Minha vida como era


Zidane Bezerra

Tudo era muito calmo e simples onde morávamos, não tinha energia, usávamos lamparina a gás, não tinha água potável, nem estrada. Nós morávamos perto da praia em casas de barro. A maré nesse tempo era muito calma e os pescadores usavam costumes que hoje não vejo mais, por exemplo, carregavam os peixes em cestos de cipó. Hoje, a maioria deles usa um monobloco, uma espécie de caixa de plástico.
Nosso trabalho naquele tempo era o labirinto, artesanato que foi ao longo do tempo perdendo importância na nossa cidade. Ainda muito pequena tinha que trabalhar, pois minha família era pobre e precisávamos nos vestir, calçar e, sobretudo, nos alimentar.
Após a labuta sempre tirávamos um tempinho para brincar. Junto com as minhas amigas brincávamos de esconde-esconde, de amarelinha e nas festas juninas namorávamos escondidas de nossos pais.
Quantos episódios inesquecíveis daquela época!!! Um dia meu avô tinha ido para o mar e veio uma onda e virou sua jangada. O dia se passou, a noite chegou e já estávamos preocupados e nervosos, pois o herói, o patriarca de nossa família ainda não chegara. A noite escura aumentava ainda mais o nosso medo e aflição. Fizemos uma fogueira como sinal de espera e para a nossa tamanha felicidade avistamos a vela branca de sua rústica embarcação. Era ele, o nosso querido e admirado vovô Marcondes.
Tenho muitas lembranças daquele tempo e saudades também. Tínhamos uma vida simples, mas não existia tanta violência e corrupção como existe hoje. Quantas drogas!!! Ah! se pudesse voltar no tempo..., acredito que seria mais feliz.


Zidane Bezerra Braga, 13 anos
Aluno do 7º ano da E.E.F.Profª Joana Marques Bezerra
Memória com base no relato de Marelice Bezerra Braga, 39 anos
Icapuí-Ce




       Eu era feliz e não sabia



Sara Sofia

Lugar pequeno, de poucas casas construídas com barro e cobertas de palha. Gente pobre, materialmente falando, mas rica em espírito, gana. Estrada de areia e apertada que só passavam animais. Vento que soprava forte na terra seca levantando poeira e cegando os olhos de quem morava em um lugar onde o progresso ainda estava longe de ser alcançado. Naquela época, mais se via mato, plantas nativas que embelezavam a nossa terra abençoada. As dunas eram cobertas por vegetação, os coqueirais eram tapetes aéreos e o mar esverdeado, ora azulado, completava a paisagem exuberante de nosso paraíso. Essa era a imagem que via quando menina.
O tempo passou e hoje a estrada de terra é asfalto negro por onde passam automóveis, ônibus, caminhões, anunciando um barulho infernal. Adeus o silêncio de todos os dias! As casas não têm a mesma imagem daquela época, são de alvenaria com variadas fachadas. Os coqueirais estão desaparecendo, transformando-se em marambaias, espécie de esconderijo para crustáceos e peixes lançados no fundo do mar. Que degradação, que vergonha!!! As nossas falésias cobertas pela terra fina e vegetação litorânea dão lugar a estradas e construções mudando totalmente o cenário de outrora.
Pasmem, não reconheço a cidade onde nasci. O progresso foi chegando aos poucos, a paisagem foi sendo modificada pelo homem, o bem-estar infelizmente não alcançou a todos e com o desenvolvimento vejo hoje a violência aumentando, as drogas se massificando e a natureza sendo destruída sem pena e sem dó.
Ah! Que tempo bom era aquele em que sentávamos no terreiro, conversávamos tranquilamente sem o incômodo da poluição sonora e o perigo da marginalidade. Sinto saudades daquela época. Eu era feliz e não sabia.




Sara Sofia Pereira Holanda, 14 anos
Aluna da E.E.F. Profª Joana Marques Bezerra
Memória com base no relato da Srª Francisca Maria Pereira, 47 anos
Icapuí- Ce



         Sim ou Não?


Thalia Silva

Em meados de 1984 o mapa-múndi se modificaria pois surgiria uma nova cidade no mapa, chamada Icapuí.
Todos os dias ficava observando, da calçada de minha casa, aquelas pessoas brigando e discutindo, pois umas queriam Icapuí independente das oligarquias de Aracati, outras não queriam desligar-se politicamente da cidade mãe. Era muita agitação, muita promessa anunciada pelos quatro cantos do até então distrito de Aracati. As pessoas não falavam noutra coisa a não ser: “você é SIM OU NÃO”? Os comícios tomavam conta das ruas, vilarejos e a população dividida entre a esperança e o retrocesso.
O dia da eleição chegou e todos foram votar. A maioria votou no sim, ou seja, queria desvincular-se realmente de Aracati e os outros tiveram de se conformar com a nova Icapuí.
O tempo foi passando e as pessoas foram se acostumando, mas as confusões não acabaram ali. Logo depois da emancipação aconteceram as eleições para prefeito e vereador. Os candidatos a prefeito eram José Airton e Jose Rico.
No bairro onde eu morava, na época Barreiras da Sereia, morava um casal que nunca ninguém do meu bairro tinha o visto brigando. Dona Maria e Seu Sebastião estavam brigando por causa da eleição.
͟   José Rico vai ganhar- dizia D. Maria.
͟   Não, não, José Airton, que vai levar essa eleição - contrariava Seu Sebastião.
            O dia da eleição chegou e as pessoas, horas depois, souberam o resultado de quem ganhou.
            José Airton foi o grande campeão, sendo o primeiro prefeito de Icapuí a ganhar uma eleição. O tempo passou, e aquelas pessoas que brigavam para que não existisse Icapuí, hoje até falam mal de Aracati. Foi tudo uma questão de tempo.
            E você, se existisse naquela época, queria a emancipação política de Icapuí ou preferia ficar submisso (a) as oligarquias de Aracati?



Thalia Silva Torquato,14 anos.
E.E.F. Professora Joana Marques Bezerra.
Icapuí-Ce