7 DE SETEMBRO:
SOMOS INDEPENDENTES?
Crescemos com a história
representada pela famosa imagem abaixo onde o 'nosso herói', Dom Pedro I,
num ato de coragem e amor ao Brasil grita INDEPENDÊNCIA OU MORTE, segundo conta
a história em 07/09/1822.
Para contestar essa
versão, onde é dito que o Brasil se tornou, naquela data, independente, poderia
citar historiadores que dizem que não foi dessa forma que ocorreram os fatos,
ou que expulsamos por completo de soldados de Portugal apenas em 02 de Julho de
1823, na independência da Bahia, que o nosso imperador era nascido em Portugal
e não no Brasil, que os negros estavam naquela data longe de sua independência,
dentre outros fatos. No entanto vou dar um salto de 189 anos e pensar no
presente: HOJE, SOMOS INDEPENDENTES?
Sinceramente como negro, não
me sinto independente ao ver um olhar desconfiado de que um negro que anda
normalmente pela cidade pode ser um possível assaltante, consequência do fato
de que após a abolição da escravatura fomos postos a margem da sociedade e até
hoje são claras as consequências disto. Será que homossexuais sentem-se
independentes ao ver notícias de agressões e mortes por conta de homofobia? E
as tantas mulheres que apanham de seus maridos são independentes? As crianças
que vivem nas ruas e desde cedo se iniciam no consumo e no tráfico de drogas
são independentes? Ficar horas em filas, morrer em hospitais com péssimas
condições, pagar CPMF(imposto da saúde) e os altos valores de plano de saúde é
um status de um cidadão independente?
Será que a necessidade de
realização de vestibulares com uso de cotas para estudantes de colégio públicos,
por conta das péssimas condições nas mesmas em nosso país, é um sinal de que
somos independentes? Aqueles que não têm acesso a educação para não terem o
discernimento de notarem que estão votando em políticos corruptos, são
independentes? Os poucos parlamentares com caráter e que tentam, sem
sucesso, tomar medidas para melhorar o país, mas são impedidos por interesses
partidários, são independentes?
A triste realidade é que somos
'escravos assalariados', que enriquecem o bolso de uma minoria que se mantém
graças à ignorância e comodismo da população, que paga muitos impostos e não
tem o retorno merecido, passando a adquirir outros serviços particulares com
uma qualidade um pouco melhor, mas que ainda assim não condiz com o valor pago.
A grande diferença é que ao contrário dos escravos de antigamente, nós temos
total capacidade de soltar a voz, ir às ruas e lutar por nossos direitos.
Quando digo isso não falo em protestos isolados que temos visto com duzentas ou
quinhentas pessoas, em pleno século XXI é mais que possível uma grande
mobilização de todo país, assim como no movimento das diretas onde apesar de
alguns dos principais grupos de comunicação do país terem ignorado o movimento,
a nação inteira se uniu, foi as ruas e recuperou a democracia que novamente
estamos perdendo.