O
novo perfil do professor
Diferentes demandas se
apresentam hoje como essenciais para quem está à frente de uma sala de aula
Em 2008, a consultoria norteamericana McKinsey elaborou um
estudo compilando o que os países com melhor desempenho em Educação fazem para
atingir a excelência. Selecionar os melhores professores está entre as
conclusões do trabalho, medida que começa a ser levada a sério pelo Brasil.
Para estabelecer parâmetros de qualidade na hora de escolher quem vai lecionar
para nossas crianças, o Governo Federal está criando o Exame Nacional de
Ingresso na Carreira Docente, que deve, em 2011, servir de referência para a
contratação na Educação Infantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental em
todo o país.
O projeto inclui uma lista com 20 características que todo
profissional de Educação deve ter. NOVA ESCOLA reagrupou essas habilidades na
reportagem Seis características do professor do século 21, ilustrada com
depoimentos de profissionais que já as desenvolveram. Vindos de diferentes
pontos do país, eles explicam como o aprimoramento é importante em sua prática.
"Para promover a aprendizagem dos alunos, é fundamental desenvolver-se
continuamente: olhar para a própria trajetória profissional, perceber falhas,
saber o que ainda falta aprender e assumir o desafio de ser melhor a cada
dia", resume Angela Maria Martins, doutora em Educação pela Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp) e pesquisadora da Fundação Carlos Chagas (FCC).
De fato, não é mais possível dar aulas apenas com o que foi
aprendido na graduação. Ou achar que a tecnologia é coisa para especialistas.
Trabalhar sozinho, sem trocar experiências com os colegas, e ignorar as
didáticas de cada área são outras práticas condenadas pelos especialistas
quando se pensa no professor do século 21. Planejar e avaliar constantemente,
acreditando que o aluno pode aprender, por outro lado, é essencial na rotina dos
bons profissionais.
Essa nova configuração no perfil profissional está embasada
em medidas governamentais e em pesquisas sobre a prática docente e o
desenvolvimento infantil."Antes, achávamos que a principal função do
professor era passar o conhecimento aos alunos. Jean Piaget, Lev Vygotsky e
outros estudiosos mostraram que o que realmente importa é ser um mediador na
construção do conhecimento e isso requer uma postura ativa de reflexão,
autoavaliação e estudo constantes", diz Rubens Barbosa, da Universidade de
São Paulo (USP).
Tudo isso, é claro, porque os alunos também não são os mesmos
de décadas atrás - longe disso. Com a democratização do acesso à internet, no
fim dos anos 1990, passamos a ter nas escolas crianças que interagem desde cedo
com as chamadas tecnologias de informação e comunicação, o que exige um olhar
diferente sobre o impacto disso na aprendizagem. Finalmente, não podemos nos
esquecer de que esses estudantes conectados têm uma relação diferente com o
tempo e com o mundo, o que coloca desafios para a docência. A boa notícia é que
há muita gente encarando esse novo mundo nas escolas.
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